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quinta-feira, 21 de julho de 2011

8 de Julho de 2011 ás 20:00.


Estava lá eu...  Aonde não sei... Somente os meus sentidos sabiam, além de muitos transeuntes, o cheiro estava horrível, e em segundos uma multidão corria em minha direção... Assustava-me as caras mal encaradas, algumas tristes, outras cansadas, mas nunca sem a essência do estresse de um dia aparentemente pesado, ou um patrão imaginavelmente chato!
E após horas a esperar por algo que ainda não sei o que era, eu avistava pessoas correndo de um lado para o outro, tentando entrar em um local que não cabia mais ninguém. Para onde aquele povo todo ia? Era a viagem para o céu? E por que eles estavam tão tristes? Sendo tão humilhados?

A corrida era inevitável, aquela coisa que o povo tentava pegar parava em um lugar e corria para o outro, eu estava lá e via o veículo passando correndo e o povo atrás desesperado, empurrando um ao outro como bichos ou sei lá o quê! Vi também pessoas quase entrando uma nas outras, quase desacredito em meu professor que um dia me disse que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no mesmo espaço, e naquele corre, corre, uma senhora cai em minha frente; ela fica desesperada e não consegue levantar, outras pessoas passavam para entrar naquilo que os locomoviam e não olharam para a senhora... Ela por si, levantou com a ajuda de um ‘jovem’ que por sinal aparentava que não iria para lugar algum, estava apenas observando o quanto humilhante aquelas pessoas viviam.

Aquela senhora levantou e tudo voltou-se ao de costume. Crianças chorando pelo barulho e o mal cheiro, vários vendedores de balas tentavam passar pelo meio daquela multidão, as vezes até machucava com o instrumento de trabalho. E a senhora? Estava sentada, o jovem a ofereceu água, ela bebeu, pois estava com muita sede, já que o calor que lá fazia era insuportável... Inevitável não correr, não tentar sair dali desesperadamente, e o veículo que os locomoviam se destinava a um lugar talvez melhor! Ou não! Se não, por que aquele tumulto? Por que aquelas pessoas estavam tão nervosas?  Será que iriam pro céu? Pois ali com certeza é a réplica do inferno, de tão quente, tão fedido, tão deteriorado!

E a senhora estava lá sentada, suando muito. O jovem a ofereceu outra garrafa de água e ela aceitou como se tivesse no deserto, bebia tão sedenta que percebia-se a cara do jovem assustado. ‘’Novos’’ veículos passavam e mais correria... Por não caber mais ninguém, a porta do mesmo ficava aberta e pessoas iam dependuradas... E eu estava lá, apenas observando, como se estivesse na lua, não estava esperando nada, não havia nada para eu esperar. Foi quando a senhora levantou veio em minha direção e disse:
   
    -Muito obrigado meu filho pela água, estava 'morrendo' de sede, estou aqui desde 17:30 e já são 20:00, meu ônibus já passou várias vezes e mas minhas pernas filho, eu não aguento mais correr, e termino não conseguindo entrar, e volto a esperar...

Eu assustado, olhei para a senhora, olhei para muleta e sacolas que ela segurava e perguntei:
    -O que senhora? Que água? Que ônibus?
 
E ela responde:
    -Filho, está perdido? Não sabe onde você está? Aonde é a sua casa?  Aqui é a RODOVIÁRIA! AQUI É A RODOVIÁRIA!

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