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segunda-feira, 18 de julho de 2022

O Garoto

Era o início de tarde, quando o calor atingiu seu ponto máximo. A água da bica quente, o asfalto das ruas é grudento e não se percebe a mais leve brisa no céu sem nuvens. O menino estava sentado no degrau do portão da casa com os pés na calçada, os cotovelos apoiados no joelho  e as mãos em vê segurando o queixo. Vestia short, camiseta e calçava sandálias. Devia ter uns 7 a 8 anos de idade e olhava as coisas com lentidão. Os olhos castanhos pareciam que havia derretido no sol do verão. Não olhava a rua como se estivesse a espera de alguém, olha a calçada fronteira pelo simples fato de que era para aquela direção que estava voltada a cabeça apoiada entre as mãos. Parecia estar à espera de alguma coisa que sabia demorar muito a chegar. 

O garoto se assustou ao ver um carro vermelho passar, ele achava que não havia carros por ali, apenas casas. O carro parou em sua frente e dele saiu uma bela mulher e uma garotinha que aparentava ter a sua idade. Com cabelos vermelhos como fogo que balançava ao vim e o voltar do vento, a garota usava um belo vestido branco, com bordados em dourado, parecia um anjo. E ela andara em direção ao menino com um grande sorriso, seus olhos azuis o encantava. Gentilmente ele a pergunta: -qual é o seu nome? / A garota, ainda sorridente, não responde. Já assustado, pergunta novamente: - Quem é você?/ Ela, com a mão em frente ao corpo fala: -quer vir comigo?/ O garoto se levanta, corre em apenas uma direção e se depara com uma luz… Ele não via mais sua casa e outras residências sumiram, como poeira. Ele ouviu gritos, parecia a voz de sua mãe. Havia choro, angústia e dor. O menino não sabia onde estava. Agora, aquela voz, dizia seu nome: -Meu filho, ele não! Leve a mim!/  Então garoto percebeu que aquela garota, não era apenas uma garota.

Autora: Daniely Neville S.M

terça-feira, 19 de maio de 2020

FICÇÃO ESPIRITUAL DO SÉCULO XXI - Felipe Matos

Pensando seriamente em voltar a publicar meus textos. Algumas ideias apareciam e depois partiam feito vento de inverno. Agora, neste período de quarentena e reclusão, tive ideia de escrever sobre coisas da vida, coisas do mundo e coisas de nós.

Assim, passo a escrever o que entendo da vida no ano de 2020. Interessante que a cada instante mudo, penso diferente ou passo a discordar. Sei que cada palavra escrita aqui, estará gravada na memória da vida virtual para sempre, e que lerei no futuro pensando o quanto era imaturo e sem informação.

Sim, as pessoas têm suas conclusões sobre si mesmo e sobre o destino. Cada um com sua intuição sabe como agir e que caminho seguir. Porém, nem sempre a análise da vida se torna eficaz quando pensamos, somente escrever que entendemos a dimensão da vida.

Hoje escrevo o que penso, amanhã, talvez não pensarei mais, ou talvez pensarei. Quero que meus textos fiquem gravados nas páginas da rede após a minha morte, sem valor algum, não valem mais nada do que pensamentos, copiados, plagiados, rebuscados... nada que escrevo é meu, não tenho nada a não ser reproduzir e reproduzir.... Nada crio, não saio disso.

A vida é tristeza? O que pensamos sobre a VIDA?

Um belo dia fora perguntado por um garoto ainda muito jovem sobre a vida e eu respondi com uma certeza de que estava errado, mas ele não parou e continuou a questionar. Não tive escolha.

Sobre o AMOR?

Nunca esqueça o amor, e quando ouvi-lo não tape os ouvidos. Saiba que para amar você sempre encontrará obstáculos, passará por caminhos escuros e espinhosos mas não desista. Quando o amor tentar te dizer algo, ouça e acredite! Lembre-se sempre que logo após ser coroado pelo Amor, serás crucificado pelo mesmo, é assim, somente assim que as arestas da vida são aparadas. (O amor nada oferece além de si mesmo e nada exige além de si mesmo). Lembre-se que o amor é um sentimento puro e inabalável, onde não há espaço para posse, pois o amor em si mesmo já é o suficiente. Uma última observação, não menos importante: Nunca, mas nunca pense que você pode ditar o rumo do amor, pois somente ele poderá decidir se és merecedor e digno do destino.

Sobre o CASAMENTO?

Vocês casaram, mas ficarão juntos para sempre ? Deve ficar juntos até a memória silenciosa de Deus? Não necessariamente, para que ocorra a união até que a morte os separem não somente deverá existir amor,  (no ultimo conselho disse que o amor em si já é o suficiente), porém, além de amar um ao outro é necessário que deixem a briza cantarem e dançarem entre vocês, não faça do amor uma amarra. Podes dar seu coração em uma bandeja de prata, mas não peça em troca a posse do outro. (E vivam juntos, mas não tão juntos). 

Sobre os FILHOS?

Melhor coisa não poderia ter me acontecido.

Sobre a DOAÇÃO?

Sobre a COMIDA E BEBIDA?

Sobre o TRABALHO?

Sobre a ALEGRIA E A TRISTEZA?

Sobre a CASA?



quinta-feira, 14 de maio de 2020

Texto 25 de julho de 2012


Não sabemos se o ser humano foi criado ou muito menos formado de moléculas inteligentes que estão organizando cada pedaço no nosso corpo. Pensar o quanto somos sortudos ou obra prima do dito Deus é a maior pergunta que atormenta a mente de todos. E nessa dicotomia de pensamentos, vivemos dividido em dois: O bem e o mal, o amor e o ódio, a vida e a morte, o céu ou o inferno... Somente existe em dois por que um, nunca viveria sem o outro. É uma necessidade em viverem juntas de escala infinita destas duas, e é somente para nos mater vivos, nos fazer ter escolhas, arbítrio, e sensações. Mas verdade ainda, é pensar que se o mal não existisse, nao seria tão prazeroso fazer o bem; se a guerra não existisse, nao seberiamos o como é bom ter paz; se não existisse fome nunca saberíamos o como é prazeroso comer. E por aí vai... As duas partes da laranja, uma presa na outra para se manter em pé, pois se uma deixasse de existir, a outra cairia. Em suma, se Deus existe eu não sei, só sei que o Diabo precisa existir para sobrevivermos. 

Simples necessidade do homem em criar forças sobrenaturais e divinas para explicar aquilo que "um dia" fora mistério. Outra coisa; o melhor e o pior não existem. O que existe é a sua vontade em viver da melhor maneira possível. Se achas que sua religião é a melhor, é por que para VOCE ela é a melhor, e não para os outros. Se você acha que seu rítimo de música é o melhor, é por que para VOCE é o melhor, e não pros outros. As vezes não é nem para descriminar , é a simples auto deficiência em se valorizar que o leva a diminuir o outro para aumentar aquele dito valor que para ele é tudo. Não discuto religião, nem música, nem orientação nem nada. Sou a favor do tudo misturado, do bom e o ruim ocupando o mesmo espaço " como no nosso globo" do rock ao pagode, do Bahêa ao Vitória, do evagélio ao candomblé, do gay ao hetero. Quero todo mundo se respeitando e largando esta ideia arcaica de superioridade como a grande alavanca da autoestima. 

Foi mal, é que na hora de escrever eu passo um pouquinho da conta. Mas não se preocupem com erros e etc, meus textos são rápidos e objetivos. Não sou nada
Texto 26 de maio de 2012


Constantemente o homem sente ânsia em se enfrentar. Em todas as formas de choque entre as aposições há sempre como base sustentadora a iniqüidade. A imperceptível evolução humana, faz com que nós sempre estejamos em frente a classes revoltadas. Uma com sua necessidade de justiça e a outra com sua necessidade de vantagem. E isso mostra que após tantas revoltas históricas e vistas como ignorância, hoje revivemos de forma tão perceptível e clara; são os proletários do século XXI correndo atrás dos seus direitos, e com precisão, o choque entre as classes   de Marx, entrando como exemplo no nosso cotidiano. Andaremos não sabemos até aonde... Enquanto isso, esperaremos por essa premência em evoluir. E talvez algum dia chegaremos a ápice evolutiva, ou então, morreremos após tanta desgraça, ganância e desonestidade.

Bom Dia,
Felipe Matos`
Texto de 21 maio de 2012

Minha mae acha que estou fumando maconha
E eu, por ser filho, até que me preocupo
A dicotomia dos pensamentos sobrevoam
No espaço e no tempo
Chego a ter pena da minha ascendente
A mente se encontra usurpada pela sociedade
Destruida pelo preconceito
Equivocada pela constituição.

Em uma manhã perfeita, saiu cedo pra labutar
Estudo, trabalho e namoro
Sem perder a noção do tempo
Enquanto outros que nao aprecia
Vive na inércia do relento
Penso, por isso falo
Sou um cidadão, por isso defendo
Pessoas alienadas de pressupostos
Pensam que minha mente está destruida
Tentam até me ofender, usando a paranóia contra mim
Mas quando eu acendo, queimo seus vestícios
De preconceitos e vícios.

Pessoas morrem por causa do alcool
Vivem por causa do tabaco
Incentivadas pela mídia
E inexistentes por mim
Viciados na ignorância
Morram com suas ideologias
Pois para mim são um bando de hipócritas
Que não sabem enxergar essa iniqüidade

Fume, beba e se afogue 
Neste mar de ilusão
Pois para vocês
É de mais valia o branco bebadoi
Matando em um carro
Que um preto fumando maconha
Abrindo a mente
E vendo o sol se pôr.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Se é assim. Que sejamos.

Este texto surge após incessantes interpretações sobre A Teoria do Medalhão de Machado de Assis, escrito no ano de 1881. O conto narra um conselho paterno após um jantar em comemoração ao aniversário do filho, este que estava completando 21 anos. O entendimento desse diálogo depende também da análise do momento histórico e filosófico vivido pelo autor .

No século XIX, o movimento artístico e denominado Realismo iniciou-se, defendendo a razão e se opondo ao idealismo, associado a crenças e em valores morais românticos. O Realismo trata o ser humano como ele é, com defeitos, imperfeições. É por esse viés que o autor considera a sociedade burguesa, hipócrita, falsa. O Brasil, por sua vez, preparava-se para o fim do Império Português e iniciava a República. Após grandes revoluções políticas, o cenário da escravidão estava se modificando, o cientificismo tornou-se prioridade em matéria de conhecimento. Com isso, a filosofia, a religião, além do próprio comportamento das pessoas foram influenciados. Nesse sentido este texto objetiva fazer uma análise do conto bem como traçar um paralelo dele com a sociedade contemporânea.

No diálogo, o pai, frustrado por não ter conseguido alcançar o ofício de medalhão, deposita no filho a esperança de que um dia ele se torne um por completo. Ser um medalhão é uma crítica feita pelo autor à sociedade burguesa individualista, onde quem têm vez são pessoas que não pensam, fingem ser o que não são, buscam o sucesso a qualquer preço. O pai ensina que a vida é uma grande loteria, que poucos têm sorte. E a precaução é olhar primeiro a si, mesmo que passando por cima do outro. Esse é um dos ensinamentos de um pai frustrado e um autor que critica a sociedade burguesa da época. Que só pensa nos seus próprios interesses. Quem tem habilidade de sair-se bem em todas situações sociais e astúcia para dissimular, ganha.

O medalhão é um ofício no qual a pessoa não precisa ser intelectual e nem fazer muito esforço físico. É uma profissão a qual necessita de algumas instruções. Comportar-se como medalhão é não pensar muito para não ter idéias, pois elas fazem surgir opiniões controversas, e o medalhão é boa praça, não diverge de ninguém. Por isso, ele esconde seus gostos pessoais. Simulando, reutilizando frases expressivas em discursos para aparentar intelectualidade. Esse é o medalhão que a sociedade reconhece, o que vive de aparência. Em uma sociedade que valoriza as pessoas que aparecem e parecem, o Medalhão precisa divulgar uma boa imagem e ter fama, pois a opinião da maioria limita qualquer entendimento sobre o que se é realmente. E, para isso, não precisa ser sábio, apenas mostrar-se como um. Ser um medalhão é se atuar conforme o que a sociedade deseja ver e ouvir. Portanto, é necessário sempre ser popular, agradável e simpático mesmo que não se queira.

A ironia de Marchado no conto nos remete muito à sociedade atual do século XXI. A publicidade e os meios de comunicação impedem as pessoas de pensar, criticar e opinar. Os sábios, que tem idéias próprias, não são mais valorizados. Mas isso não importa. Os medalhões estão por todos os lados, principalmente na mídia, que tendo a principal relação com essa influência, glamouriza os medalhões. Esses não precisam ter ideias, por isso copiam, colam e publicam. É assim que induz as pessoas idolatrar alguém que nem do avesso é o que parece ser. A sociedade contemporânea vive de produzir medalhões, para isso propaga a imagem de quem quase não pensa. Através da publicidade, induzindo a opinião pública e reproduzindo seres ignorantes, pois quanto menos se pensa menos se exige. Na sociedade moderna, apenas uma cena na televisão para os considerar importantes. Isso mostra o quanto o conto se relaciona com a modernidade da ambição e da futilidade.

Portanto, conclui-se que o conto tem uma preocupação extrema em mostrar uma sociedade que vive de aparência. A influência da mídia sobre ser humano o impede de pensar sobre a sua ignorância e a das pessoas, por isso que toda pessoa basta ser vista, que é lembrada.

sábado, 19 de outubro de 2013

Bom conselho de graça



        Compreender a sociedade é somar o comportamento de cada indivíduo. E por fazermos parte desse todo social, que é necessário primeiro entender o singular para chegar à causa de suas transformações. Uma sociedade em que desejos impossíveis são sustentados por um sistema que inventa o necessário para o sujeito de direito ser reconhecido, é grande produtora de seres humanos frustados. A inversão de valores sociais mostram o reconhecimento que a sociedade tem pelos medalhões; os hipócritas. Para ser um, é preciso abster-se das idéias, reproduzir as opiniões e valores dos grandes sábios e ser bem querido. Outros são os discursos prontos, que é necessário repeti-los em discussões corriqueiras da vida. Todos esses exemplos são comportamentos possíveis para o ignorante poder ter vez em uma sociedade em que se valoriza os que não pensam.

      Como se justifica a mesma opinião de todos de um mesmo grupo? Ou melhor, o mesmos discursos, gostos, gestos, enfim... Se não poder enfeitar muito o que se escreve ou fala, o medalhão copia e re-emprega figuras já utilizadas. O que se difere da realidade atual é o acesso. A comunicação entre o comportamento do medalhão e as “figuras prontas”, também sofrem essa modificação na sociedade, e mudam para pior. A ligação dessas informações com o indivíduo é a mais discrepante diferença entre a época do conto com a sociedade atual. O meio que se utilizava era predominantemente a leitura e alcançava pouca camada da sociedade. Diverge da atualidade de comunicação em massa (auditiva e visual), que incessante e por todos os lados, influencia imperceptivelmente a futilidade, superfluidade e ignorância. No mundo faltam filósofos, matemáticos,  cientistas e astrônomos. E sobram artistas, cantores, políticos e bigbrotheres. E não são os primeiros que a sociedade valoriza. Por isso, o medalhão se previne a qualquer custo.

       Qual poderia ser a conseqüência de uma avalanche de informações formadas por interesses capitalistas do século XXI, senão a miséria intelectual do povo? A publicidade é uma das característica do medalhão para beneficiar com o reconhecimento,  o exemplo é: crie algo aparentemente útil e espalhe a notícia. O que importa é o que parece ser, a sociedade não exige muito. E não é tão difícil na sociedade atual pelo menos no tocante a publicidade. É nesse contexto que limita-se o intelecto, influencia o pensamento e molda a cultura, pelas intensas informações já com juízo de valor postas e repetidas. Enquanto no passado para alcançar o público como um todo se dava por algum tempo, hoje é instantâneo. Assim faz os meios de comunicações: impede que a sociedade tenha convicções próprias. E não para por ai, a vítima desta realidade é usada como objeto para alavancar (não só economicamente) o poder da minoria dominante que influencia e controla.

           Quanto a profissão qualquer uma que reconheça, mas não o faça produzir idéias, pois elas são para os sábios; fica mais fácil repeti-las. O medalhão é uma figura considerada, respeitada e querida pelas pessoas a ponto de ter até lembranças póstumas. Portanto, o mesmo conselho sobre e esse oficio poderia ser dado nos dias atuais por um pai mas com muitas ressalvas. Uma delas é a filtração dessas influências formadas por opiniões parciais, convicções errôneas oriundas de uma filosofia individualista. Para um pai no sec. XVIII a simples repetição basta. Em uma sociedade que propaga informações poluidas, a repetição é sinônimo de ser mais uma vítima. O homem não pode ser sábio se for inconsciente da sua ignorância e das pessoas. Mas pode parecer ser, assim faz o medalhão completo.